“Não saí ileso do filme e não consigo sair”, em boa parte das vezes em que assisto: O curioso caso de Benjamin Button. Um blockbuster Hollywoodiano da melhor qualidade. Apesar de não me considerar um crítico e nem um mega entendido de filmes, não busco em meus textos analisar conceitos estéticos e análises homéricas sobre determinados enredos, mas já que adentrei ao cineclube, esse filme me parece especial ainda que já tenha assistido há quase 02 anos.
É difícil não se envolver com o roteiro de Roth e a direção impecável de David Finch (Seven, e o magistral Clube da luta), mas em Benjamin Button, o diretor soube extrair do livro homônimo de Fitzgerald uma sutileza quase imperceptível – O drama. O drama de viver uma vida que todos nós vivemos. Uma histórica que cada um de nós possui convivendo com alegrias, tristezas, chegadas e partidas.
O curioso caso de Benjamin Button, conta a história de Benjamin, um homem que nasceu em circunstâncias pouco comuns se comparadas com outras pessoas. Nasce idoso e, quando poucos acreditam em sua sobrevivência, ele vive e rejuvenesce, mas vê seus conhecidos e queridos seguirem em direção contrária assiste os acontecimentos do séc. XX como uma testemunha ocular, se envolvendo em todos os sentidos, um homem com uma vida incrível.
Eu poderia dizer que é um filme que fala sobre a solidão, mas no fundo não parece que a vida nos é isso mesmo? Uma profunda solidão. Quantos de nós, mesmo rodeado de famílias e amigos estamos sozinhos, não beirando a depressão, mas vez ou outra esta sempre assim, O Benjamin do livro é um homem que anda de trás para frente no relógio humano, que percebe que sua história começa grande e termina em páginas de um diário.
O Benjamin do filme, interpretado por Brad Pitt é criteriosamente o mesmo de Fitzgerald, com uma pitada de envolvimento talvez muito mais especial do ator à trama. Brad Pitt vive a cada cena o Benjamim que se distingue dos outros com que convive, esbanja maturidade aos 18, quando aparenta 60 anos de idade (quando passa um tempo viajando pelos mares da Europa). Mostra-se frágil aos 60 anos quando aparenta 18, num compasso muito especial onde a juventude e a velhice não são somente um estado de espírito.
Kate Blanchet, que dá vida à Daisy, amor de infância e por toda a vida de Benjamim se mostra mais que perfeita para o papel. Vigorosa, firme, Alguém que não gosta de saber que vai envelhecer, mas aprende que a vida funciona dessa forma e descobre que em seu destino, Benjamim a salva de todas as maneiras possíveis.
Quase 03 horas de filme te esperam em Benjamin Button, cansativo? Talvez, ainda não viu? Assista, deixe-se levar pelo estranho caso de Benjamim, assista aos fatos do séc. XX perceba que a solidão é mais comum entre os homens do que imaginamos, também vai perceber que a vida e o amor é o que nos torna humanos, não importando o tempo em que vivamos.
Por Rafael Gomes