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Beleza Americana é um dos poucos filmes que você dá prioridade a quem está no roteiro. O filme se converge pelo seu realismo instantâneo e pelo seu título que se leva pela metáfora. American Beauty é uma rosa americana que não tem cheiro, é muito comum ser cultivada nos EUA, assim, uma síntese sobre o vazio do americano comum.

O filme mostra o destino do narrador-personagem que se consagra como Narrador-Defunto (como no livro de Machado de Assis, Memórias Póstumas de Brás Cubas) atuado por ninguém menos que Kevin Spacey, que está impecável nesse filme, e ainda Annet Benning interpretando de uma forma tão espontânea a sua personagem à beira do caos, tudo está perfeito até então. Com o desenrolar do filme nos deparamos com a grande quantidade de melodramas cotidianos que enfrentamos, tais como algo que é tão tabu quanto a masturbação, a infidelidade, questionamentos sobre beleza.

E é sobre esse paradigma de beleza que o filme deseja quebrar o “sonho americano” da perfeição que se vislumbra sobre ironias e certas tiradas envolvidas sobre um humor negro. Ao desenvolver você percebe situações que desencadeiam a infelicidade dos personagens com grande exaltação para atingir seus objetivos , mas se vêem no empecilho do dia a dia , seus preconceitos , suas responsabilidades e disciplinas que vão sendo esvairadas gradativamente.

O roteiro do grandioso Allan Ball se iguala com perfeição a direção de Sam Mendes, que poderia ter levado bem mais Oscars por um grande feito, um filme que as vezes se confunde com a estética européia em todos os aspectos.
É uma película muito rara , com objetividade , completa pela frieza dos seus personagens mórbidos e suas intrigantes maneiras de viver , foi um marco para o cinema , que bem antes de acontecer o trágico dia de 11 setembro , já pregava nos muros dos Estados Unidos uma triste representação da sua sociedade em decadência , a paranóia e a pobreza de espírito destes que a pertence, e nada mais cômico do que o fato do filme ser dirigido por um inglês.
É um filme chocante e aterrador, daqueles para você ver e rever.

 

Por Rodrigo Menezes